quinta-feira, 29 de março de 2012

Aniversário da primeira capital do Brasil!


Salvador, a terra de todos os santos, encantos e axé, completa hoje 463 anos. Para muitos, essa data é motivo de comemoração, afinal quem nasce aqui, na verdade, não nasce, estréia. Sou apaixonada por esta terra, por suas riquezas, por sua história de força, por seus pontos turísticos, pela diversidade, pelas praias. Tenho orgulho de dizer: eu sou baiana, soteropolitana. E ainda digo assim: "sou de onde você passa suas férias".

Salvador tem o melhor carnaval do mundo... Salvador tem o Senhor do Bonfim e sua colina sagrada... Salvador tem o Pelourinho, um dos principais patrimônios históricos do Brasil e do Mundo... Salvador tem o acarajé legítimo... Salvador tem o calor gostoso do verão... Ahhhh, Salvador... Minha terra!




Mas, particularmente, não tenho motivos para comemorar. A minha cidade está entregue às baratas. Os governantes não estão nem aí pra cidade... É meio que generalizar, mas é claro e evidente que é isso que acontece. Salvador, assim como qualquer outra cidade, possui muitos problemas e fragilidades e precisa de líderes sérios. Mas a questão toda está aí: achar líderes sérios que amem essa cidade.

Os quatro principais pilares para a dignidade de uma cidade são: educação, saúde, segurança e moradia.

A educação pública em Salvador (na verdade, no estado da Bahia como um todo) é algo precário, pois as escolas, muitas vezes, não tem estrutura para comportar os alunos, além da desvalorização cruel dos professores, que dedicam suas vidas para ensinar e ganham muito pouco pelo que merecem.

A saúde, questão precária na cidade do Salvador. O SUS, Sistema Único de Saúde, é único mesmo e deixa MILHARES de pessoas na mão. Se você for contar com o SUS para fazer algum tratamento, seja ele delicado ou não, é bem capaz de você morrer esperando. Essa é dura realidade, a falta de hospitais para atender tanta gente, a precariedade de muitos outros que estão totalmente entregues. Um exemplo claro foi a situação do HAM (Hospital Aristides Maltez), que quase fechava suas portas por falta de verba.

Segurança: algo bastante questionável nessa cidade. As pessoas tem medo de andar nas ruas, pois a sensação de insegurança está muito grande. É muito bandido solto. São muitos crimes, muitas armas nas mãos de quem não deve, muita marginalidade, muitas mortes.

Moradia: a população de Salvador vive em condições péssimas e arriscadas, muitas vezes em barrancos, encostas, perto de esgotos à céu aberto. Só vive bem quem tem condições, quem tem dinheiro pra manter uma casa. Quem não tem, que é a grande parte da população de Salvador, vive em míseras condições, por falta dos serviços públicos de direito de cada cidadão.

Ou seja, Salvador deixa a desejar nesses quatro pontos. E está longe de ser uma cidade digna, onde as divergências sociais gritam.
Mas, de qualquer forma, parabéns Salvador! Por ser uma grande cidade, apesar de todas as fragilidades que o circunda.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Quem era Salvador...

Salvador, minha terra!


Sempre tive muito orgulho da minha cidade, do meu estado, a Bahia. Orgulho por ser uma cidade linda, tranquila, cheia de riquezas, de coisas boas, de energia boa. Sempre falei com orgulho para que fosse de fora: eu sou baiana, sou de Salvador.
E meu orgulho maior era de saber que existia violência evidente em todo o Brasil: Rio de Janeiro, São Paulo... E que aqui existia, lógico, mas que era bem menos... Era um lugar bacana de se viver, onde reinava a paz.

Quando pensava assim, eu tinha apenas 14 anos de idade. Por aí. Claro que eu fantasiava um pouco, mas que há 10 anos Salvador era um lugar tranquilo, era.
Hoje, com 24 anos no lombo, vivo uma desilusão amorosa pela minha própria cidade, a quem eu sempre tive muito apreço.

Salvador está entregue. E aí uma das primeiras coisas que eu penso é na política. Fui ao dicionário pra saber, de fato, o que é a politica. Vamos lá:


Política 
(grego politiká, assuntos públicos, ciência política) 
s. f.
1. Ciência do governo das nações.
2. Arte de regular as relações de um Estado com os outros Estados.
3. Sistema particular de um governo.
4. Tratado de política.
5. [Figurado]  Modo de haver-se, em assuntos particulares, a fim de obter o que se deseja.
6. Esperteza, finura, maquiavelismo.
7. Cerimónia, cortesia, civilidade, urbanidade.
(Fonte: www.priberan.pt)

Pois bem: a política se caracteriza como a ciência do governo das nações. Ou seja, política é poder. Ok. Mas política não é governo. Pelo menos aqui em Salvador, a política não governa coisa nenhuma. Salvador está desgovernada, literalmente.

Salvador está entregue às traças. Policiais militares em greve, reivindicando (de uma forma errada, talvez) por melhores salários, pela igualdade. Porque que os policiais de Brasília não fazem greve? Porque são os mais bem pagos do Brasil. Por isso que muita gente estuda pra passar nos concursos para para serem policiais de lá. Agora, é certo isso? Essa desigualdade é justa? Não. A (in) segurança pública é desigual. E isso é fato.

Salvador e Região Metropolitana é palco da violência do tráfico, que cresceu desparadamente nos últimos anos. Chacinas, mortes... Todo fim de semana, em média, mais de vintes pessoas partem dessa para uma melhor. Ou não. Nem dentro de sua própria casa se tem segurança, pois de repente, você pode ser vítima de uma bala perdida, ou então ladrões podem invadir sua casa e levarem tudo que é seu. Ou até mesmo, você caminhando livremente em seu bairro ou então voltando do trabalho pra casa e de repente tem seus pertences roubados... É... O bicho tá pegando. Aliás, já pegou há muito tempo.

As condições de saúde pública são cada vez piores, decadentes. As pessoas são tratadas como lixo, como objetos descartáveis. A eduação pública deixa a desejar. Os pontos turísticos de Salvador estão entregues. O Pelourinho só fede a mijo... As praias, uma imundice, contaminadas, poluídas, sujas. Nas ruas, buracos e crateras que não tem mais tamanho. Você paga um IPVA caríssimo para ter péssimas condições nas vias. E o prejuízo do seu carro quem paga é você. Os impostos quem paga também é você. Até uma goma de mascar que você compra, paga imposto. O cidadão é cobrado o tempo todo, até pra respirar. O cidadão trabalhador anda com medo nas ruas. Uma pena, ele não tem mais o direito de ir e vir. É lamentável.

Essa é a cidade que vivemos. Esse é o país que habitamos. Essa é a "política" que a gente vê. Essa farsa. E como cita o próprio dicionário: "6. Esperteza, finura, maquiavelismo." 

O que nos resta é ter fé! Pedir proteção, sabedoria, calma e paciência para o que poderá acontecer lá na frente. E fazer a nossa parte pra, talvez, consigamos viver melhor.




quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Saudosa Lavagem do Bonfim

A segunda quinta-feira do ano não é 'apenas' a segunda quinta-feira do ano. É o dia de uma das festas mais bonitas do mundo: a Lavagem do Bonfim. É o dia em que os católicos, os adeptos do candomblé e as lindas baianas se reúnem para a lavagem das escadas da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, no bairro do Bonfim, em Salvador. 






Esse sincretismo entre as religiões tem origem na época da escravatura, quando os portugueses e escravos, juntos, aprontavam a capela para a festa de encerramento da novena de devoção ao Nosso Senhor do Bonfim. Cerca de 1 milhão de pessoas se espalham em 8 quilômetros de percurso, cantando hinos de adoração às divindades de cada crença, Nosso Senhor Jesus cristo e Oxalá. Muitos se vestem de branco, que é a cor de Oxalá e que representa a paz.





E o cortejo sempre termina em festa, animado por músicas, comidas e bebidas típicas vendidas nas barracas, que se encontram ao redor da igreja. A Lavagem do Bonfim é uma das maiores festas populares do mundo, perdendo apenas para o Carnaval.

Viva o Nosso Senhor do Bonfim!


♪ Ah, eu vim de Ilha de Maré, minha senhora
Pra fazer samba na lavagem do Bonfim
Saltei na rampa do mercado e segui na direção
Cortejo armado na Igreja da Conceição
Aí de carroça andei, comadre
Aí de carroça andei, compadre
Ah, quando eu cheguei lá no Bonfim minha senhora
Da carroça enfeitada eu saltei
Com água, flores e perfume
a escada da colina eu lavei (...)